sexta-feira, 4 de julho de 2008

Nelson Rodrigues já sabia

Por Raoni Alves

A derrota já foi comentada, os erros explanados, os vitoriosos exaltados e os falastrões já tiveram suas línguas devidamente queimadas. Porém, me faltou a opinião de uma única pessoa. O que estaria sentindo Nelson Rodrigues? Torcedores como ele existiram alguns. Poucos foram os sábios como Nelson. E único, somente ele foi. Em sua crônica teria imortalizado seus sentimentos, se ao menos tivesse a chance de vivenciar a trágica final do dia 2 de julho de 2008.

Vamos aos fatos: Fluminense 3 a 1, restando 1 hora e 4 minutos de bola rolando (34 minutos de tempo normal, mais 30 minutos de prorrogação) e só faltando um gol. Com esse enredo, quem poderia imaginar a frustração? Nem o sobrenatural de Almeida e nem mesmo os textos escritos 45 minutos antes do nada, poderiam prever que depois de tal reação, épica e cinematográfica, depois de um terceiro gol inimaginável, aos 11 minutos do segundo tempo, o Fluminense não iria encontrar forças para mais um simples balançar das redes, um suspiro de futebol que fosse capaz de fazer a torcida iniciar uma festa sem tamanho. Não, nem mesmo eles poderiam.

O ataque mais positivo do campeonato, com o melhor elenco, com um esquema altamente ofensivo e com algumas oportunidades criadas, foi vencido por uma defesa fraca, um time que não se trancou como um ferrolho e veio ao maior do mundo jogar de igual para igual, dando espaço ao Fluminense. Parabéns aos equatorianos, que souberam atacar com velocidade, tiveram frieza e que surpreenderam dentro e fora de seus domínios, mas Nelson e a torcida tricolor não mereciam isso. O futebol não merecia isso. Também, quem sou eu para avaliar o que é bom, ou não, para o futebol? Ninguém é capaz de ter certeza quando o assunto é dentro do tapete verde cercado pelas quatro linhas.

Com tudo, fico com a melhor definição que vi para essa final, feita pelo próprio e imortal Nelson Rodrigues antes de nos deixar e brilhantemente reproduzida pelo diário Lance, no dia seguinte a tragédia: “Eu vos digo que o melhor time é o Fluminense. E podem me dizer que os fatos provam o contrário, que eu vos respondo: pior para os fatos”.

Muricy, o sedutor

O técnico do São Paulo, Muricy Ramalho, já deixou bem claro seu interesse pelo meia Ibson, que teve seu contrato com o Flamengo encerrado na última segunda-feira e aguarda definição de seu clube, o Porto, para saber onde jogará no restante da temporada. Agora, declarar Ibson o melhor do brasileirão foi golpe baixo. O treinador fez essa afirmação na entrevista coletiva de ontem e com isso pretende seduzir o atleta, que já disse que se for emprestado para algum clube brasileiro que seja para o Flamengo. Abre o olho Kleber Leite. Nesse ramo de malandragem e contratação da noite para o dia, o São Paulo tem muito mais cara de raposa do que de lebre.

Só me queima né Roger

Mais uma vez eu errei. Fui, talvez, a única pessoa que ainda acreditava no futebol do meio-de-campo Roger. O jogador deixou o Flamengo no inicio do ano e depois de acertar com o Grêmio, eu acreditei que dessa vez ele poderia por fim se firmar em algum grande clube e finalmente marcar seu nome como o grande jogador que poderia ser (eu escrevi isso aqui). Mas errei e lá se vai Roger de maneira polemica deixando o futebol gaúcho rumo ao desconhecido. Dinheiro, dinheiro, sempre o dinheiro.

Um comentário:

Ines Garçoni disse...

Adorei, Raoni, muito bom, muito bom, tá escrevendo cada vez melhor, hein? Parabéns! E viva Nelson Rodrigues!