segunda-feira, 16 de junho de 2008

A dor do homem de preto

Por Philip Georg Bennett

Quando um árbitro é escalado, ele logo pensa e fica ansioso para o jogo. Seu desejo é sempre de sair-se bem e não ficar lembrado por aquela partida. A única pessoa que deve lembrar é ele próprio, lembrar daquele jogo como um ponto positivo e como mais um bom jogo em sua carreira.

Em partes não foi o que aconteceu com o árbitro paulista Eduardo Cesar Coronado Coelho que foi o grande destaque da vitória do Marília por 3 a 1 diante da Ponte Preta na noite da última terça-feira, no Estádio Bento de Abreu, pela sexta rodada da Série B do Campeonato Brasileiro. Essa partida, Coronado nunca vai mais esquecer, não porque teve uma boa atuação (apesar de ter tido), mas sim porque no início do segundo tempo o árbitro teve que ser substituído após sofrer uma lesão na perna e deixou o gramado chorando.

Logo no ínicio do jogo, Coronado se atrapalhou com a bola e acabou sofrendo uma torção no tornozelo, em um lance bastante curioso. Foi atendido atenciosamente pelos médicos do Marília e continuou no jogo apesar das fortes dores. O primeiro tempo transcorreu até seu final e o árbitro foi para o intervalo continuar o tratamente com gelo.



Passados os primeiros dez minutos do segundo tempo, Coronado não conseguiu suportar as fortes dores e deixou o gramado chorando, dando lugar ao quatro árbitro Paulo Roberto Ferreira, também de São Paulo. Na saída do gramado, o árbitro desabafou: "É difícil a gente ter uma oportunidade e infelizmente vivi esse momento difícil que eu esperei tanto. Pelo bem da partida e dos meus colegas eu tive que abandonar a partida", lamentou. "Nunca tive essa oportunidade. Há nove anos na CBF (Confederação Brasileira de Futebol) eu não tive uma chance dessas. Estou muito triste, arrasado, mas infelizmente me machuquei".

Como seu companheiro de profissão, eu fiquei chateado porque sei como são as coisas dentro de campo e logo em sua primeira oportunidade em um Campeonato Brasileiro, acontece essa fatalidade. Realmente o funil é muito grande e a concorrência maior ainda. Foi um lance curioso, todavia triste e emocionante. Desejo que o árbitro se recupere o mais rápido possível e que volte a fazer aquilo que gosta, apitar futebol.

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