Edmundo diz que pendura as chuteiras em dezembro
Por Raoni Alves

O que mais me espanta não é o Animal pensar em parar, até acho que já esta na hora. É um dos jogadores mais experientes do futebol brasileiro e completou 37 anos em 2008. O que me espanta é Edmundo falar do futebol com essa carga negativa, dizendo que não agüenta mais, que talvez não fosse jogador se estivesse começando a carreira hoje. Lógico, cada um é cada um e o camisa 10 vascaíno tem todo direito de preferir estudar a ser jogador de futebol, acho até bom que ele fale isso para incentivar a garotada, mas o futebol é o sonho de todo moleque. O futebol é mágico. Ainda mais no caso dele que saiu da pobreza e foi um grande craque. Como pode o Edmundo reclamar de uma profissão que deu tudo a ele.
Edmundo é sem dúvida um dos últimos jogadores de uma era onde para se falar o que pensa e fazer o que quer era preciso em primeiro lugar arrebentar dentro de campo. Hoje em dia qualquer um que faz meia dúzia de gols já tem a atenção de todos e nem assim sai da monotonia dos comentários ensaiados. Edmundo nunca foi de meias palavras e muito menos de meias jogadas. Edmundo foi genial. O camisa 7 do Palmeiras por 5 anos (93-94-02-06-07) é de uma geração onde não era qualquer perna de pau que ia para a Europa. Edmundo é de uma época onde os craques jogavam por aqui, onde tudo era diferente, propostas não chegavam aos milhões e a seleção tinha a cara dos campeonatos nacionais.
Edmundo foi o maior artilheiro de uma só edição do Brasileiro. Edmundo tinha a mesma facilidade para arrebentar com defesas e repórteres e enfileirar zagueiros e desafetos. Sempre bipolar. O amigão de hoje poderia ser o arqui-rival de amanhã. Mas assim foi o Ed. Entre outros títulos ganhou 3 brasileiros (93-94-97), sendo o último com os pés nas costas. Vale lembrar que o Animal foi o grande prejudicado da Copa do Mundo de 98. Pouca gente fala, mas talvez Edmundo poderia ter dado o pentacampeonato para o Brasil se aquela comissão técnica confiasse em seus jogadores e não escalasse alguém que acabara de ter graves problemas médicos antes do jogo mais importante da vida. Uma pena. Nunca saberemos o final dessa história.

Edmundo é muito emotivo e talvez quisesse participar mais um pouco. Ainda mais ao ver seu time de menino cheio de jovens despreparados. E foi lá Edmundo para mais uma aventura. Ele não precisava disso, merecia um final feliz, merecia maior reconhecimento e não a dúvida sobre seu futebol. Essa geração teve muitas virtudes, foi autêntica, não se escondia em campo, muito menos fora dele, mas saber a hora de para não é uma qualidade cultivada por eles. Assim foi também o final de carreira de outro herói dessa geração, Romário. Uma pena. Mas deixo aqui a recordação de um grande craque e que deixará saudades por tudo que já fez. Boa Sorte Edmundo. Parabéns!
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