
Porque 2008 entrará para a história? Essa pergunta pode ter uma resposta obvia para o torcedor vascaíno, mas 2008 não pode ser marcado só pelo rebaixamento para a segunda divisão do Campeonato Brasileiro. Infelizmente a queda foi um mal inevitável. Resta agora recordar 2008 como o ano em que finalmente um câncer foi extraído do clube, o ano em que o voto voltou a ter seu valor, onde seu clube deixou as páginas policiais e o ano, talvez, da arrancada para dias muito melhores. Até porque, é no fundo do poço que os fortes encontram o chão para dar o impulso salvador em direção ao ar puro. No caso do Gigante da Colina o objetivo é um só: voltar a Serie A em 2010.
O ano do Vasco começou com Romário dividindo o comando técnico da equipe com Alfredo Sampaio e mirando alguns trocados, a delegação abriu mão de uma boa pré-temporada e partiu rumo a Dubai. Sem dinheiro nem para as tradicionais compras no FreeShopp, o Vasco apostou em contratações muito duvidosas durante a temporada. Exemplos não faltam: Villanueva, Marcos Vinícius, Bruno Reis, Landu, Calisto, Johnny, Abubakar e tantos outros que na hora da apresentação precisaram de crachá para serem identificados.
Somados esses e outros problemas, o Vasco ainda perdeu durante o ano algumas boas peças de seu limitado elenco, como Jean e Morais e apostou em veteranos como Edmundo, Beto, Odvan e Pedrinho. Porém o golpe mais duro do primeiro semestre foi a eliminação na semifinal da Copa do Brasil, nos pênaltis, para o Sport, em São Januário lotado. Coincidência ou não, foi o mesmo Sport que um ano antes tinha sido vitima de Romário, no mesmo estádio em festa, na comemoração de seu milésimo gol.
Drama superado, cabelo de Edmundo no lugar e era a hora da revolução. A essa altura a maior vitória vascaína dos últimos anos era só questão de tempo. O autor do gol encontrou muita dificuldade, brigou com zagueiros e liminares, mas marcou. Marcou mostrando sua categoria que a torcida já conhecia. Golaço! Golaço com a assinatura de Roberto Dinamite, que explodiu de São Januário o pior presidente que um clube poderia ter. Era o fim do império Eurico Miranda. Mas como toda grande revolução, as cicatrizes continuaram e algumas lembranças demorarão mais ainda para serem esquecidas. Outras, por vezes, nunca serão apagadas.
Lembranças são muitas: títulos, conquistas, belos times e craques com a camisa vascaína vão ficar na memória, mas no fim todos já sabiam o que iria acontecer. E aconteceu. O Vasco caiu. O Vasco mereceu cair. Triste, mas é verdade.
Agora, é hora de olhar para frente, pensar com os pés no chão, mas sem deixar de mirar em tudo aquilo que o Vasco já conquistou e tem condições de buscar novamente. Para isso, no apagar do ano mais complicado de sua história, o Vasco demonstrou sua força e fechou uma parceria fundamental para o futuro do clube. É, literalmente, a luz no final do túnel. O contrato de 4 anos com a estatal Eletrobrás irá garantir aos cofres do clube R$ 12,5 milhões por temporada, além do novo fornecedor de material esportivo, a Champs, que injetará no clube R$25,7 milhões, por um contrato de três anos e meio.
Com o bolso mais cheio do que a tempos atrás e com quase um time inteiro para montar, o Vasco começará 2009 com uma expectativa muito boa. Contudo, os sinais de tempo bom não podem fazer com que a caravela Vascaína viaje tranquila até o porto seguro da primeira divisão. A torcida precisará de paciência, pois o primeiro semestre, principalmente, será de reestruturação. Reestruturação pior até que a do Corinthians que caiu depois do furacão MSI. Certamente o pior da tempestade já passou e vale a pena aguardar. Desejo boa sorte a Dorival Júnior, Roberto Dinamite e quem mais for remar a favor, pois com muita luta e apoio de seus apaixonados torcedores, o sol voltará a brilhar no topo da colina e o Vascão voltará ao lugar de onde não merecia ter saído.