domingo, 23 de novembro de 2008

PALMAS PARA CAIO JR.

Por Raoni Alves

É impressionante como os torcedores e a imprensa de maneira geral pegam no pé dos técnicos de futebol. Eu quero falar especificamente do comandante do Flamengo, mas essa analise serviria para outros comandantes como Celso Roth, Vanderlei Luxemburgo, Muricy Ramalho, Adilson Batista e alguns outros.

Caio Junior assumiu o Flamengo na primeira rodada do Brasileirão, logo depois de uma trágica eliminação na Taça Libertadores. Sem tempo para adaptação, Caio levou o time a liderança do campeonato por 9 rodadas. Depois de um verdadeiro desmanche no meio do ano, passou por momentos difíceis, ficou sete jogos sem vencer, mas mesmo assim a pior posição do time foi um sexto lugar. Passada a pior fase, voltou a boa regularidade, tem a melhor campanha fora de casa, transformou um time sem um goleador no segundo melhor ataque do campeonato, tem a terceira melhor defesa da competição, participou na contratação de bons jogadores como Everton, Sambueza e Fierro e faltando apenas três rodadas para o fim da temporada está na terceira colocação brigando efetivamente pela Libertadores e com chances matemáticas de conquistar o caneco. Como pode Caio Junior ser tão contestado?

Tudo bem, ele errou em alguns momentos, essa analise seria perfeita somente enxergando seus feitos positivos e eu sei que contra o treinador surgem questionamentos difíceis de explicar. Alguns dirão: “O Caio Junior não é bom, ele mexe muito no time”, “Ele não vibra dentro de campo”, “Ele escala mal”. Ah essa é a melhor: “Ele só continuou o trabalho do Joel”. Meu Deus!

Diante desses comentários eu pergunto: Como um treinador não vibra se quase todo gol do time ele está no meio dos jogadores, pulando e comemorando? Durante as transmissões pela TV o que mais se ouve é a voz do Caio a beira do campo. Concordo que ele tenha escalado o Flamengo de maneira errada em alguns momentos, como a experiência com Sambueza na ala esquerda. Mas e se o Flamengo tivesse vencido o jogo contra o Atlético? Será que lembrariam disso? Contra o Palmeiras, ele lançou o garoto Everton na função e o meia correspondeu, sendo muito elogiado, pela imprensa inclusive. Em relação ao Joel é o mais absurdo. Quem em sã consciência não aproveitaria um trabalho de quase um ano? Uma base que vem jogando bem e dando certo, com alguns retoques na escalação, como a entrada de Kleberson ao invés de Cristian, por exemplo. Vale lembrar que com o Joel o Fla jogava com o meio de campo pegador, Toró, Cristian e Ibson. O mesmo Jailton fazia a função de zagueiro e um meia jogava no ataque, da mesma maneira que joga o Marcelinho atualmente. E pelo que me recordo, o time do Flamengo joga com essa estrutura desde a época do Ney Franco e joga bem. Sob o comando de Caio Junior, as trocas aconteceram por contusão, cartão ou baixo rendimento, como no período de transição do elenco, quando Caio buscava um atacante matador, e, diga-se de passagem, ainda não encontrou, mas resolveu apostar em Obina na reta final. Outra atitude elogiável.

Além disso tudo, Caio Junior mostrou profissionalismo, gratidão e respeito ao Flamengo, quando recusou a proposta do Qatar para dar continuidade ao trabalho e pensar a longo prazo. Atitude que 8 em cada 10 treinadores não tomariam. Incluindo o próprio Joel Santana, que já abandonou o barco por duas vezes no Flamengo. Nada contra o treinador optar por um reconhecimento financeiro maior, mas é de se elogiar quando alguém aposta na continuidade e abre mão do dinheiro imediato. Diante dos fatos, eu queria saber porque pegam tanto no pé do Caio Júnior? Esquecem que esse é o melhor Brasileirão do Flamengo, desde 1997. Na época, sem os pontos corridos, o Fla terminou entre os oito primeiros colocados e sonhou com o titulo. Sonhou por pouco tempo, pois na segunda fase caiu no grupo do Vasco e o que era sonho virou pesadelo com a festa do rival.

Portanto, eu quero dar meus parabéns ao Caio Junior. Independente do que venha acontecer nessa reta final, o trabalho dele já é positivo. Lógico que a cobrança por resultados o impedirá de ficar no próximo ano se não alcançar uma das quatro vagas da Libertadores, mas vou ser o primeiro a criticar se mandarem o treinador para casa depois de um desfecho feliz (leia-se Libertadores). Palmas para ele, Caio Junior merece e muito.